O Fim do Poder [como até hoje o conhecemos]

27.1.09

O Poder e as Irmandades do Espírito Santo

Foi com base nas afirmações do post anterior que parti para a aventura de escrever neste blog, de forma resumida, parte do trabalho de investigação de Antonieta Costa, publicado no livro "O Poder e as Irmandades do Espírito Santo". Confesso que foi um dos livros com a capa "menos bonita" que comprei até hoje. Foi na Ilha do Faial em Agosto de 2008, numa feira do livro, que comprei por impulso este livro que considero um dos mais importantes que li até hoje. No prefácio, Maria Benedita Monteiro afirma que "Desejaria a autora [Antonieta Costa] que um tal sistema organizativo [o das Irmandades do Espírito Santo que existem há quase 500 anos no Arquipélago dos Açores], de estrutura horizontal, em que a norma da criatividade permanentemente promove e legitima relações de influência bi-unívoca entre os seus membros, se constituisse como paradigma do sistema organizacional no seio das sociedades democráticas, por forma a minimizar as formas paralizantes de conformismo a poderes estreitos e a tornar os cidadãos actores e protagonistas do desenvolvimento social". Na pág. 17 do mesmo livro, Antonieta Costa escreve "Na sua dimensão empírica, as Irmandades do Espírito Santo apresentam-se assim, como um estranho objecto social que, fugindo às interpretações e normas em vigor, não só consegue sobreviver, mas também apresentar vantagens no uso da sua lógica. Este posicionamento, extremamente controverso e mesmo subversivo, não se exibe ostensivamente, mas antes, procura passar despercebido, o que terá contribuido para o seu desconhecimento".

Bibliografia:
Antonieta Costa, "O Poder e as Irmandades do Espírito Santo", Editora Rei dos Livros [Sintese da tese de doutoramento de Antonieta Costa com o título original "Os Dois Paradigmas da Gestão Pela Cultura, ISCTE, Julho 1998].
Este livro pode ser adquirido na Editora Reis dos Livros, Rua São Nicolau, 22, 1º, Lisboa – Tel.: 218854600 email: reidoslivros@clix.pt

Antonieta Costa, Socióloga e Psicóloga Social

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Numa entrevista que concedeu, em Abril de 2008, ao jornal açoriano "Expresso das Nove", Antonieta Costa afirmou que "não vivemos em igualdade, mas vivemos, há 200 anos, em democracia" e que "a democracia entrou em falência (...) nenhum indivíduo sente que participa na construção da realidade social. O homem comum não colabora activamente, por isso, não acredita na possibilidade de se poder estabelecer um sistema de horizontalidade". Num outro artigo publicado em Março de 2008 no jornal "Açoriano Oriental", Antonieta Costa afirma que "as Irmandades do Espírito Santo são um modelo revolucionário de estrutura horizontal de poder que poderia ser aplicado às empresas ou até às organizações políticas. É de facto um modelo que exclui todos os níveis intermédios de poder até as próprias cúpulas. É a organização mais horizontal que eu já vi”.

A pomba, a divindade feminina e a nação portuguesa

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"Na antiguidade Greco-Romana e do Médio-Oriente, era atribuído aos pássaros, sobretudo às pombas, um significado simbólico como manifestações da Divindade. Na antiguidade do Médio-Oriente, a pomba era um símbolo da divindade feminina, associada ao amor e à fertilidade: Ishtar, Astarte, Tanit, Anat e Atargatis. Na antiguidade Grega, a pomba simbolizava Afrodite, a deusa do amor e da beleza e, como tal, imbuída de conotações eróticas. Como atributo da deusa da fertilidade, a pomba tornou-se um símbolo de amor entre os seres humanos, bem como entre a divindade e seus devotos seguidores."
- Norman A. Rubin, "The Dove" (tradução livre adaptada).

Há também quem considere Sophia (a Sabedoria), como o Espírito Santo ou o aspecto feminino da divindade cristã. Ruach or Ruach Ha Kodesh é, em hebraico, um termo feminino que significa na religião judaica o "Sopro Divino" ou o "Espirito Santo". É referido na Cabala como uma das emanações da Shekhinah, a "Glória de Divina" ou o aspecto feminino da divindade.

Como acabei de referir sucintamente, a pomba (interpretada como uma emanação feminina da divindade) tomou também a forma humana em diferentes civilizações. No Antigo Egipto, por exemplo, poderá também ter representado Ísis ou Hathor. No Panteão Romano encontramos Vénus, também chamada Venus Columba (pomba). Nos Estados Unidos da América a Deusa Columbia (pomba) é representada como a personificação feminina do próprio país. Esta mesma figura é conhecida por outro nome nos Estados Unidos da América e em França: a Deusa da Liberdade. Outros exemplos na Europa são a Deusa Britannia no Reino Unido, Turrita em Itália, Marianne em França, a Mãe Rússia, e a República em Portugal, entre diversas outras representações nacionais e regionais. Várias destas figuras femininas são personificações alegóricas femininas dos ideais da Liberdade, da Razão, da Nação e das virtudes cívicas da República.

Como estou a escrever sobre conceitos abstractos versus representações mitológicas concretas (Espírito Santo, Pomba, Sabedoria e Deusas), sugiro uma teoria baseada sobretudo na intuição e não tanto em factos históricos. Sugiro que a figura central repetida nos Painéis de São Vicente de Fora, representa o próprio Espírito Santo, numa representação feminina que simboliza a Nação Portuguesa. Em Portugal existem múltiplas teorias e discussões infidáveis sobre o significado dos Painéis e desta figura central, de aparência andrógina. Segundo António Salvador Marques no sítio http://paineis.org/, a figura central que tem, segundo o autor, na cabeça um Barrete Frígio, símbolo da Liberdade, representa a Nação Portuguesa. Diversos autores consideram herdeiros do Barrete Frígio na Península Ibérica as barretinas usadas na Catalunha, os barretes dos Campinos do Ribatejo ou os barretes dos Pedreirinhos em Alijó.

E ficam por aqui as minhas especulações sobre esta vasta temática, pois o tema central deste blog é o da Utopia: mais correctamente o de uma Eutopia, ou seja, uma Utopia concretizável, positiva e não impossível. A Eutopia de um mundo que vem aí, onde os líderes são dispensáveis em qualquer organização, seja ela a de um pequeno grupo ou até de um país. Ficam propositadamente de fora o Messianismo Milenarista do Padre António Vieira, os Templários e a Ordem de Cristo, o Quinto Império, as Profecias de Bandarra, Mafra e D. João V, o Sebastianismo, as visões de D. João Bosco sobre Brasília ou o futuro de Portugal segundo a Mensagem de Fernando Pessoa, a Ilha dos Amores de Camões como outro Jardim das Hespérides e os textos de António Quadros ou de Agostinho da Silva sobre o futuro de Portugal, entre diversos temas ligados ao passado/futuro de Portugal.

Ver também:
J. J. Hurtak, PhD, The Holy Spirit: The Feminine Aspect of the Godhead
Rev. Mark Raines, Shekinah, Eema: God the Mother & Pneuma

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