O Fim do Poder [como até hoje o conhecemos]

27.1.09

A pomba, a divindade feminina e a nação portuguesa

pomba_paineis

"Na antiguidade Greco-Romana e do Médio-Oriente, era atribuído aos pássaros, sobretudo às pombas, um significado simbólico como manifestações da Divindade. Na antiguidade do Médio-Oriente, a pomba era um símbolo da divindade feminina, associada ao amor e à fertilidade: Ishtar, Astarte, Tanit, Anat e Atargatis. Na antiguidade Grega, a pomba simbolizava Afrodite, a deusa do amor e da beleza e, como tal, imbuída de conotações eróticas. Como atributo da deusa da fertilidade, a pomba tornou-se um símbolo de amor entre os seres humanos, bem como entre a divindade e seus devotos seguidores."
- Norman A. Rubin, "The Dove" (tradução livre adaptada).

Há também quem considere Sophia (a Sabedoria), como o Espírito Santo ou o aspecto feminino da divindade cristã. Ruach or Ruach Ha Kodesh é, em hebraico, um termo feminino que significa na religião judaica o "Sopro Divino" ou o "Espirito Santo". É referido na Cabala como uma das emanações da Shekhinah, a "Glória de Divina" ou o aspecto feminino da divindade.

Como acabei de referir sucintamente, a pomba (interpretada como uma emanação feminina da divindade) tomou também a forma humana em diferentes civilizações. No Antigo Egipto, por exemplo, poderá também ter representado Ísis ou Hathor. No Panteão Romano encontramos Vénus, também chamada Venus Columba (pomba). Nos Estados Unidos da América a Deusa Columbia (pomba) é representada como a personificação feminina do próprio país. Esta mesma figura é conhecida por outro nome nos Estados Unidos da América e em França: a Deusa da Liberdade. Outros exemplos na Europa são a Deusa Britannia no Reino Unido, Turrita em Itália, Marianne em França, a Mãe Rússia, e a República em Portugal, entre diversas outras representações nacionais e regionais. Várias destas figuras femininas são personificações alegóricas femininas dos ideais da Liberdade, da Razão, da Nação e das virtudes cívicas da República.

Como estou a escrever sobre conceitos abstractos versus representações mitológicas concretas (Espírito Santo, Pomba, Sabedoria e Deusas), sugiro uma teoria baseada sobretudo na intuição e não tanto em factos históricos. Sugiro que a figura central repetida nos Painéis de São Vicente de Fora, representa o próprio Espírito Santo, numa representação feminina que simboliza a Nação Portuguesa. Em Portugal existem múltiplas teorias e discussões infidáveis sobre o significado dos Painéis e desta figura central, de aparência andrógina. Segundo António Salvador Marques no sítio http://paineis.org/, a figura central que tem, segundo o autor, na cabeça um Barrete Frígio, símbolo da Liberdade, representa a Nação Portuguesa. Diversos autores consideram herdeiros do Barrete Frígio na Península Ibérica as barretinas usadas na Catalunha, os barretes dos Campinos do Ribatejo ou os barretes dos Pedreirinhos em Alijó.

E ficam por aqui as minhas especulações sobre esta vasta temática, pois o tema central deste blog é o da Utopia: mais correctamente o de uma Eutopia, ou seja, uma Utopia concretizável, positiva e não impossível. A Eutopia de um mundo que vem aí, onde os líderes são dispensáveis em qualquer organização, seja ela a de um pequeno grupo ou até de um país. Ficam propositadamente de fora o Messianismo Milenarista do Padre António Vieira, os Templários e a Ordem de Cristo, o Quinto Império, as Profecias de Bandarra, Mafra e D. João V, o Sebastianismo, as visões de D. João Bosco sobre Brasília ou o futuro de Portugal segundo a Mensagem de Fernando Pessoa, a Ilha dos Amores de Camões como outro Jardim das Hespérides e os textos de António Quadros ou de Agostinho da Silva sobre o futuro de Portugal, entre diversos temas ligados ao passado/futuro de Portugal.

Ver também:
J. J. Hurtak, PhD, The Holy Spirit: The Feminine Aspect of the Godhead
Rev. Mark Raines, Shekinah, Eema: God the Mother & Pneuma

1 comentário:

Viajante disse...

Cito do seu post: «... a figura central que tem, segundo o autor [do sítio que refere], na cabeça um Barrete Frígio...».

Com a devida vénia, o que o autor que cita diz aqui não é exactamente que se trate de um barrete frígio, e sim de um barrete com o formato típico do que se observa na iconografia da época, mas «com uma função essencialmente semelhante à do barrete frígio moderno» na interpretação que faz de uma determinada lógica que considera imanente à pintura completa.

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