O Fim do Poder [como até hoje o conhecemos]

22.1.09

Isabel de Aragão e a Idade do Espírito Santo


Fotografia de Pedro Fernández

Filha do rei Pedro III de Aragão e de Constança de Hohenstaufen, princesa da Sicília e rainha de Aragão, Isabel de Aragão nasceu em Saragoça em 1271 e casou-se por procuração com D. Dinis em 1288, quando tinha 17 anos. Ainda antes do casamento, Isabel recebeu como dote de D. Dinis, em 1281, as vilas de Abrantes, Alenquer e Porto de Mós. Posteriormente foram-lhe ainda concedidos, entre outros, os castelos de Vila Viçosa, Sintra, Gaia e Ourém.
Foi na adolescência, provavelmente em Barcelona, que Isabel tomou conhecimento das teorias de Joaquim de Fiore, fundador da Ordem dos Florenses, por meio do médico e místico aragonês Arnaldo de Vilanova e dos Franciscanos Espirituais, considerados hereges por diversos Papas. Isabel acreditava, segundo Joaquim de Fiore, que a Terceira Idade do Espírito Santo chegaria num futuro próximo e que portanto era sua e de D. Dinis a missão de celebrar o Pentecostes, coroando homens e mulheres comuns como os novos Imperadores e Reis da nova Idade. As festas do Império e do Divino Espírito Santo, foram pela primeira vez celebradas por volta de 1323, provavelmente na Vila de Alenquer segundo Jaime Cortesão, ou na Vila de Sintra, segundo outros autores.
Segundo Manuel J. Gandra, "A principal cerimónia da Função, Folia ou Império, consistia, salvo ligeiras variantes regionais, na coroação com três coroas, uma imperial e duas reais, do Menino Imperador assessorado por dois reis — um homem jovem e outro idoso —, respectivamente na razão das idades do Espírito Santo, do Filho e do Pai» (Gandra 1997, 5). [...] o Menino representa a inocência sem a qual não se entra no Reino de Deus (Marcos 10:15); e os dois "reis", escolhidos entre os pobres.
O êxito destas festividades ao Divino Espírito Santo foi enorme. Segundo o Padre Alberto Pereira Rei, "o seu apogeu, compreendido entre o séc. XIV e a 1ª metade do séc. XVI, coincide exactamente com o auge da expansão marítima o que não deixa de ser sintomático da íntima relação de causa-efeito, entre ambas as realidades. Jaime Cortesão refere só ter encontrado quatro hospitais colocados sob tal invocação antes de 1321. A partir desse ano e até ao fim de quinhentos listou cinco centenas de cidades, vilas ou aldeias cuja matriz tinha o Espírito Santo por orago, cerca de 80 hospitais e albergarias com suas capelas, um milhar de conventos, capelas de igrejas e principalmente ermidas daquela invocação".

Nota: Embora hoje em dia a Igreja Católica considere as festividades ao Divino Espírito Santo como um evento do calendário católico, na sua génese as festividades eram celebradas à margem da Igreja devido à teoria de Joaquim de Fiore de que, na Idade do Espírito Santo, a Igreja de Roma (e todas as outras) deixariam de ser necessárias, sendo a relação com a Divindade celebrada à maneira de cada um, sem qualquer tipo de mediação por parte de uma Igreja. Segundo Manuel J. Gandra, foram diversas as censuras e interditos visando os Impérios do Divino Espírito Santo em Portugal, por parte de vários monarcas, arcebispos e bispos.

Bibliografia:
António de Macedo no sítio Triplov.com
Wikipedia, Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal.

1 comentário:

Ermelinda Paixão disse...

A Idade do Espírito Santo, que é a Vida a funcionar sem o entrave da lucubração pérfida da mente mundana e se deixa conduzir pela singeleza da verdade do coração, que é torrente natural de Amor no âmago de toda a criatura, é a salvação emergindo na absoluta necessidade da hora. Só precisa, para ser vivida, da pureza do querer e fazer de cada um para o bem de todos e tudo. Eu, com o meu sim, digo: Presente! E que o Divino Espírito Santo, núcleo do Ser, ilumine o Ricardo Mealha - que acontece ser meu filho - e o leve, através deste empenhamento, a congregar muitos para a vivência do coração puro, nas múltiplas relações com os seres de todos os reinos. Ermelinda Paixão

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