O Fim do Poder [como até hoje o conhecemos]

22.1.09

Joaquim de Fiore e as Três Idades

Nascido no Reino de Nápoles [Itália] c. 1135, Gioacchino da Fiore (ou Joaquim de Fiore) foi poeta, artista e visionário. Também considerado um místico, teólogo e filósofo da história, foi o fundador da ordem monástica de San Giovanni em Fiore. Em 1263, no Sínodo de Aries, a Igreja Católica Romana julgou parte das suas doutrinas como hereges. Em traços gerais, Joaquim de Fiore divide a História em Três Idades:
A Primeira Idade é a do Pai e corresponde à época de Moisés (Antigo Testamento). É a Idade da lei ou pena de talião — "Olho por olho, dente por dente" — e consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, apropriadamente designada por retaliação. Esta lei encerra a ideia de correspondência de correlação e semelhança entre o mal causado a alguém e o castigo imposto a quem o causou: para tal crime, tal pena. Os primeiros indícios da lei de talião estão no Código de Hamurabi, elaborado em c. 1730 a.C., no reino da Babilónia.
A Segunda Idade é a do Filho e corresponde à época de Jesus, o Mediador (Novo Testamento). É a Idade da resolução amigável dos conflitos através do diálogo e do perdão mútuos.
A Terceira Idade, a do Espírito Santo, é a Idade da Liberdade, do amor universal, da igualdade — a Idade das Boas Novas Eternas.
A correspondência destas Três Idades a datas precisas é um debate que dura há séculos e que não gerou até hoje consenso. Em termos gerais e imprecisos, podemos considerar a Primeira Idade a do signo Áries (ou Carneiro). i.e., de c. 2500 a.C. a c. 300 d.C.. A Segunda Idade corresponde ao signo Peixes, de c. 300 a c. 2000 e a Terceira Idade de c. 2000 a c. 4000, sendo o signo Aquário.
Joaquim pregava que na Terceira Idade, a do Império do Espírito Santo, qualquer "plebeu" seria Imperador, já que a sabedoria divina iluminaria todos os seres humanos de igual modo e independentemente de estruturas religiosas tradicionais. A Terceira Idade será universal, já que toda a Humanidade compreenderá o significado do amor universal e da igualdade entre si. Não haverá necessidade de instituições religiosas, dado que todos beneficiarão de uma "inteligência espiritual".
O pensamento de Joaquim de Fiore é complexo e pleno de interpretações livres do Antigo e Novo Testamentos, sendo que o texto do Apocalipse (ou Revelação) serve de base para a sua teoria do advento da Terceira Idade. O seu legado de obras que sobreviveram até aos dias de hoje é vasto: 22 livros escritos entre 1170 e 1200.
No centro da herança visionária de Joaquim de Fiore, encontramos a ideia de uma "fase final" da História, uma época vindoura de fraternidade e de plena liberdade para o ser humano. O apogeu da história será sinalizado pelo aumento da espiritualidade no mundo, um tempo do intelecto e da ciência.
As suas ideias têm merecido, ao longo dos séculos, o estudo de dezenas de académicos e de teólogos. Em 1982 foi criado, em Itália, o Centro Internacional de Estudos Joaquimitas.
É nas Irmandades do Divino Espírito Santo, nos Açores e nas comunidades açorianas no continente americano que encontramos, no séc. XXI, o último reduto destas ideias.
Em 1261 nasce em Portugal D. Dinis e em 1271, em Saragoça, a Infanta Isabel de Aragão, futuros Rei e Rainha Consorte de Portugal. Dinis e Isabel casaram-se em 1288. A ligação deste Reis ao joaquimismo será desenvolvida em seguida.

Bibliografia:
Encyclopedia Britannica, Joachim de Fiore. Wikipedia.

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